terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Oliveiras da Apulia



Oliveiras milenares, com mais de 2500 anos estão ameaçadas na Apúlia - sul da Itália. Tradicional polo produtor de azeite de oliva, o chamado “salto da bota”, região conhecida também como Salento, há cerca de dois anos vem enfrentado um ataque sem precedentes da bactéria conhecida no meio científico como Xylella fastidiosa. A mortalidade das plantas infectadas tem sido elevada.
     Segundo os cientistas, a bactéria tem como vetor uma cigarrinha (Philaenus spumarius), bastante presente na região. E, apontam que bactéria chegou ao país através de mundas de plantas ornamentais proveniente da Costa Rica.  O fato é que na região da Apúlia ocorreram os primeiros ataques, constatando-se a mortandade de oliveiras milenares, o que gerou profunda apreensão entre os produtores locais e demais regiões produtoras.   O prejuízo no ano de 2015 chegou a 225 milhões de dólares, segundo estimativas das autoridades agrícolas.  A medida radical, o corte de árvores milenares praticado pelo governo, tem gerado forte reação entre os produtores.
Porém, como a área de incidência situa-se ao sul do país, as autoridades fitossanitárias de comum acordo com a União Europeia adotaram zonas de controle, espécie de cinturão de proteção para conter o avanço da praga. No foco, chamada zona infectada buscando controlar a população de cigarrinha; em seguida uma zona de erradicação, eliminado as oliveiras e na sequência uma zona tampão e, por fim uma zona de segurança. Esperam com a medida evitar que a praga se propague por outras regiões produtoras tradicionais como Espanha, Portugal e Grécia.
Essa mesma bactéria, no Brasil vem causando severos danos aos laranjais, especialmente no Estado de São Paulo, sendo conhecida como amarelinho. Ao bloquear a circulação da seiva a planta atacada definha, entra em declínio. Dada à importância da praga, o genoma da mesma foi sequenciado recentemente, espera-se assim prospectar meios de controla-la.
Como sabemos a produção de alimentos sempre esteve exposta a risco de ordem sanitária. O mais dramático de todos, foi à famosa requeima da batata inglesa, fato ocorrido na Irlanda no século XIX e que resultou na maior onda de fome que varreu a Europa. Milhares de pessoas pereceram, e outro tanto migrou para os Estados Unidos, entre as quais a família Kennedy.
Não fossem medidas fitossanitárias adotadas pelo Ministério da Agricultura e órgãos afins estaduais, e certamente teríamos problemas para garantir o suprimento de alimentos. Daí a importância de órgãos como a EMBRAPA em nível federal, e da Epagri e da CIDASC, em SC.
Rebanhos e plantas sadias demandam muita ciência e tecnologia e, sobretudo, atenção permanente da vigilância sanitária.

Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo


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