terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Agenda Brasil



Face ao cenário nacional  de descalabro e estupefação  geral,  onde  parte do Partido dos Trabalhadores -  tido como uma reserva  moral da sociedade brasileira -,   aparece  no epicentro de uma crise de graves proporções, cabe uma reflexão mais acurada a respeito do momento em que vivemos e da perspectiva de superá-lo.
Não é novidade  para  ninguém,  medianamente informado,  que o  processo político  brasileiro seja extremamente viciado e vulnerável.  Os fatos  retratados  dia-a-dia  pela  imprensa,  provam isso.  E os partidos políticos, via de regra,   frágeis,  tergiversam,  vacilam e alimentam esse processo  diabólico de canibalismo cívico.  
Ao  prospectarmos   nossa história, vamos verificar que fatos semelhantes repetem-se com relativa frequência, sendo o pivô de debacles intermináveis.  A novidade,  é um governo de esquerda, com forte apelo popular, haver enveredado pelo  mesmo caminho.   A  pureza da vestal,  posta à prova,  desvela-se,  soçobrando ao largo.
Raymundo Faoro, na obra “Os Donos do Poder”,  obra -  diga-se de passagem -, oportuna para entender o momento atual,  discorre com propriedade sobre  as relações promiscuas e comprometedoras mantidas  entre o setor público e privado, ao longo da formação histórica de Portugal e  do Brasil-colônia,  até os dias atuais.
O Estado patrimonialista  sempre valeu-se dos cofres públicos para cooptar lideranças, submetendo-as aos seus ditames, ao invés de inseri-las  dentro de uma agenda  de desenvolvimento.   
Durante a monarquia,  conservadores e liberais digladiavam-se ferozmente, mas os últimos, ante o menor    aceno de acesso ao  poder, cediam às benesses do mesmo. De sorte  que Holanda Cavalcanti alcunhou-os  com o dito caústico:   “Não há nada mais parecido com um saquarema(conservador)  do que um luzia(liberal) no poder”.
“Nossa economia como afirmou o Sr. Aliomar Baleeiro, viveu sempre do   óleo canforado dos estancos, monopólios, muletas bancárias oficiais, tarifas protecionistas, reajustamentos, equilíbrio estatístico, valorizações artificiais, etc.”   Max Weber descreve:   “O ideal dos Estados patrimoniais – é ser  o pai do  povo”.
 Raymundo Faoro  vai mais longe: “A opressão econômica e social e a concepção do Estado-providência, que ensina a tudo esperar dele, desperta a esperança popular de ver nos  governantes, ou de procurar neles, o salvador,  protetor e pai dos desvalidos. As classes negativamente privilegiadas, com o entusiasmo orgiártico dos supersticiosos confundem o político com o taumaturgo que transformará as pedras em pães, os pobres em ricos”.
Ou seja, a sociedade brasileira, via de regra, sempre viveu duas realidades antípodas: de um lado aqueles que chegam ao poder, ao mando gerando  pseudos e mega-especetativas; e de outro, a massa de manobra(os iludidos) que aguarda o milagre que nunca acontecerá.
A crise atual insere-se nesse contexto. Diferencia-a, todavia, o amadurecimento de amplos setores produtivos nacionais: intelectuais e trabalhadores conscientes. Hoje,  em sã consciência, ninguém  ignora que uma boa agenda de desenvolvimento  passa, entre outras,  pelas  seguintes premissas: 1)  aprimoramento  do regime democrático; 2) sistema tributário simplificado; 2) economia social de mercado; 3) Banco Central independente; 4) setor público com equilíbrio financeiro; 5) investimento maciço em educação; 6) administração pública transparente e profissionalizada; 7)  acordos comerciais bilaterais e multilaterais amplos; 8) legislação trabalhista flexível; 9) descentralização administrativa(novo pacto federativo), transferindo-se competências do governo federal para Estados e Municípios(ambientais, sanitárias, tributárias, etc.)  
Quanto à crise política, como todas as outras vividas por esse país(e não foram poucas) que sirva de exemplo, de  lição,  para que definitivamente  possamos atingir nossa tão almejada  maturidade. Reformas políticas não se  fazem somente com leis, e às pressas;  mas sim, em cima propostas exeqüíveis, e  com pessoas honradas e éticas. Quanto aos aventureiros e responsáveis pela crise atual, que sejam exemplarmente punidos. E, em tempo, vamos a agenda de trabalho, antes que seja tarde.  É tudo o que precisamos.        Onévio Antônio Zabot/Engenheiro Agrônomo/Joinville                                                       

Nenhum comentário:

Postar um comentário