Luiz Henrique, enquanto homem
público, nos deixa um rico legado. Todos reconhecem. Os fatos arrolados na
imprensa escrita e falada o comprovam sobejamente. Mas há uma faceta menos conhecida: sua
presença no universo rural, no campo. Poucos se dão conta disso. Como visionário, à frente de seu tempo,
dizia: Em minhas viagens mundo afora, conheci dois tipos de atividades rurais,
cujos protagonistas eram bem sucedidos: os vitivinicultores e os produtores de
plantas ornamentais.
Enquanto prefeito e depois
governador, tivemos o privilégio de acompanha-lo, estando o seu lado em
momentos marcantes. E desses, sem dúvida, a ação efetiva de controle à praga do
borrachudo é representativa. Aí há também a contribuição do vereador Arinor
Vogelsanger, de saudosa memória. A praga, presente no ambiente rural de
Joinville, era motivo de chacota na imprensa nas décadas de 1960 até 1990,
quando foi definitivamente controlada graças a um gesto ousado do então
prefeito Luiz Henrique. Há quem diga que
reabertura do canal do Linguado e o
controle do borrachudo eram pauta obrigatória na imprensa local.
Hoje, como a praga está sob controle pouco se fala. Aliás, o que dá
certo, o que funciona, em geral não merece atenção. Arinor Vogelsanger na obra
À sombra da Esplêndida Cordilheira destaca o fato. O programa de controle do
borrachudo lançado em 24 de setembro de 1997, na Vila Nova, estabelece um novo
momento para o setor rural. Poucos se lembram disso.
Mas Luiz Henrique foi além - e
talvez aí tenha buscado inspiração para instituir o Código Ambiental
Catarinense, e já como senador, mudar o Código Florestal Brasileiro -, em 1997,
institui o Programa SOS Nascentes. Graças ao mesmo, Joinville ousa, oficialmente,
proteger suas fontes de água na serra do mar – vale do rio Cubatão e Piraí. O
programa assentado em cinco projetos: fiscalização, educação ambiental,
reposição de vegetação ciliar, saneamento rural e produção de mudas de espécies
nativas gesta um novo cenário no ambiente rural. Não fica, porém, apenas nisso.
Incentiva atividades rurais, consolidando a CEASA como ambiente de negócio:
constrói o pavilhão do produtor e asfalta o pátio, melhorando o ambiente de
trabalho e as condições sanitárias. E, ao asfaltar a estrada Bonita, símbolo do
turismo familiar rural no Brasil, reconhece a potencialidade do setor, enquanto
oportunidade de renda e de contenção do êxodo rural.
De todos os legados, porém, fica o Código
Florestal Brasileiro. Moderno, apropriado, em vigência. Internaliza a premissa da sustentabilidade,
do incentivo à proteção ambiental, ao invés das políticas anteriores de comando
e controle, sabidamente inadequadas.
Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo
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